Nascemos ouvindo “não”. É uma das primeiras palavras que nos dizem, mas que não nos sentimos no direito de falar.
Crescemos aprendendo que temos que ser boazinhas e fazer o máximo pelos outros. Isso nos deixa com a ideia que é preciso agradar para ser amado, afinal, criança que não obedece não ganha presente – ser obediente é fazer tudo que o adulto pede/manda.
Quando você diz “sim” para algo, precisa dizer “não” para outras coisas.
Quando crescemos, essa figura adulta é substituída por nossa família, amigos e chefes, e continuamos dizendo sim para não desagradar eles, nos mantendo sempre bonzinhos e prestativos.
Temos medos de ser reprovados e de reprovar, porque entendemos que o “Não” é algo ruim e não podemos fazer o outro ficar mal, como se a responsabilidade pela alegria dele fosse nossa.
A cultura que estamos inseridos também reforça esse medo de dizer “não”. Sabe aquela ideia da vilã x mocinha que vemos em praticamente todos os filmes, séries e novelas? A mocinha sempre coloca o desejo de outros na frente dela e no fim é recompensada com o “felizes para sempre”. Isso reforça a ideia de servir o outro e se colocar em segundo plano para ser boa.
Somos constantemente reforçadas a dar desculpas ou evitamos o outro para não precisar dizer “não”, porque não nos sentimos no direito de fazê-lo.
Mas por que devo falar “não”?
Cada escolha uma sentença. Quando você diz “sim” para algo, precisa dizer “não” para outras coisas. Se você não avalia bem para o que está dizendo “sim”, acaba priorizando o desejo dos outros e se negligenciando, entendendo que você não é tão importante, e que “depois você se vira”.
Esse comportamento compromete a autoestima e te afasta dos seus objetivos. No trabalho geralmente deixa você sobrecarregada e cada vez mais cansada, o que pode levar a uma estafa mental ou alguma crise psicológica.
Isso sem contar que depois que tudo sai do eixo na sua vida você tende a culpar o outro pelo que ele fez você fazer, sentando na cadeira de vítima e esquecendo que você fez porque quis, quem priorizou o outro foi você! Há também casos em que a autoestima muito elevada leva a pessoa a assumir tudo pelos outros, achando que dá conta de tudo e perdendo o equilíbrio e o foco na própria realidade. É aquele famoso: “Eu dou conta!”
O que acontece quando eu começo a dizer “não”?
Há uma tendência de achar que vai perder oportunidades, que não vai ser vista e que pode estar à beira de ficar sozinha. Mas calma, com o tempo você vai perceber que nem tudo é oportunidade e o equilíbrio que o dizer “não” traz é a maior das oportunidades!
Tá, mas como dizer “não”?
Aqui vão algumas dicas para te ajudar – tente acolher cada uma delas e adaptar a sua vida:
1. Se priorize
A primeira coisa que precisa saber para começar a dizer “não” é que você é a pessoa mais importante. Se você não estiver bem e em uma situação agradável e segura, não poderá ajudar ninguém.
2. Conheça e acolha seus limites
Você precisa conhecer seus limites. Responda para si mesma: Até onde está disposta a ir por algumas pessoas? Qual o máximo de carga de trabalho aguenta ter? (seja realista!). Defina ao menos um limite para sua vida pessoal, amorosa e profissional. Lembre-se que limites não te enfraquecem, mas que te tornam mais forte se usados com autoconhecimento.
3. Saiba quando dizer não
Quando algo ultrapassa os seus limites ou te coloca em situações de risco é um sinal que o “não” precisa ser dito. Se ainda está na dúvida de se deve ou não fazer, responda as perguntas: Quero? Posso? Vai me fazer bem? Elas te ajudarão a chegar nessa resposta.
4. Crie formas de dizer não
Não precisa ser mal educada ou inventar desculpas! É possível dizer de forma leve o que não quer. Vou dar alguns exemplos: Agradeço, mas não tenho interesse. Entendo o seu pedido, mas infelizmente agora não posso. Preciso priorizar outras coisas agora, então não posso entregar esse trabalho.
Vale treinar dizer isso em voz alta para ir se empoderando, mas lembre-se que o mais importante não é O QUE você fala, mas COMO você fala!
5. Acolha a si mesma
Seja legal consigo, entenda que você não é responsável pela expectativa do outro. Muitas vezes você quem cria ideias sobre a expectativa do outro, sem ao menos ele ter dito nada, daí vive a vida em prol de dar conta de algo que nem existe. Você não perderá pessoas que valem a pena por impor limites ao que fará por elas – até porque o “não” educa!
Lembre-se que sua vida toda os “nãos” ensinaram limites e regras, eles te deram a possibilidade de novos caminhos. Agora, se a pessoa está ao seu lado porque você faz tudo que ela quer, talvez não seja alguém que vale a pena estar ao seu lado.
Seja sua melhor amiga nesse processo! E se precisar de ajuda ou quiser compartilhar sua história de “Nãos”, escreve aqui nos comentários – adoro esse retorno de vocês!
Conhece alguém que precisa praticar mais essa arte de dizer não? Então envie esse texto a ela e vamos juntas empoderar mais mulheres na arte de dizer “Não”!